Minas ocupa o 2º lugar no ranking de multinacionais e franquias internacionalizadas
Minas Gerais é o segundo maior celeiro de multinacionais e franquias internacionalizadas do país, conforme levantamento da Fundação Dom Cabral (FDC), que será divulgada hoje. Com sete multinacionais e duas franquias com pelo menos um pé no estrangeiro, o Estado só perde para São Paulo, a maior economia do Brasil, que possui 28 e 4, respectivamente. O levantamento levou em consideração receita, ativos e quantidade de funcionários das empresas.
As mineiras que se destacaram no estudo foram Localiza e Depyl Action, entre as franqueadas, e Magnesita, Algar Tech, Andrade Gutierrez, CZM, Grupo Serpa, Instituto Áquila e Falconi representando as multinacionais. A Localiza apresentou o melhor lugar no ranking, como a franquia mais internacionalizada do Brasil.
O estudo chama a atenção pelo fato de Minas ultrapassar o Rio de Janeiro, segunda maior economia brasileira. Na avaliação do professor de Economia da PucMinas, Pedro Paulo Pettersen, o foco do Rio na extração de petróleo e do pré-sal faz com que as empresas daquele estado possuam, tradicionalmente, foco no mercado interno.
“A economia do Rio de Janeiro está baseada no setor de petróleo, que apresentou uma desorganização completa devido à conjuntura política. Mesmo com a economia fluminense sendo a segunda, ela não tem participação na internacionalização porque as oportunidades estão no mesmo país”, explica Pettersen.
Em Minas Gerais, por outro lado, há uma sinalização de diversificação econômica. O professor de economia afirma que normalmente as empresas mineiras com atuação mais forte no mercado externo são do setor extrativo mineral, siderúrgico e de commodities, por exemplo. Em contrapartida, no levantamento de internacionalização da FDC há apenas uma com perfil tradicional: a Magnesita, que produz refratários. As demais são de consultoria (Falconi e Instituto Áquila), tecnologia da informação (Algar Tech), logística (grupo Serpa), máquinas e equipamentos (CZM) e construtora (Andrade Gutierrez).
De acordo com o estudo, o índice médio de internacionalização das corporações nacionais é de 27,3%, conforme apurado em 2016. Isso significa que, se todas as empresas fossem apenas uma, quase um terço dela teria atuação no exterior. Esse índice, ainda conforme o levantamento, tem apresentado crescimento nos últimos três anos, saindo de 23,2% em 2014 e passando por 26,4% em 2015.
Apesar do crescimento do índice médio de internacionalização, 34 empresas registraram elevação do índice, enquanto 18 apresentaram diminuição, mostrando “que a internacionalização é um movimento dinâmico, afetado não apenas por condições econômicas dos países em que as empresas atuam, mas também por questões estratégicas de competitividade global”, diz a pesquisa.
O levantamento aponta, ainda, que 57,7% das empresas não pretendem entrar em novos países nos próximos dois anos e que 58,3% preveem a estabilização das operações nos locais onde estão. Na avaliação de Pettersen, os números indicam que a internacionalização é uma maneira de compensar as perdas causadas pelo cenário econômico brasileiro, em crise. “Os empresários estão se preparando para uma retomada da economia nacional”, diz.
Localiza se prepara para ingressar na Bolívia e no Peru
Com 138 unidades franqueadas em atuação no Brasil e outras 71 no exterior (Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai e Uruguai), a Localiza iniciou o processo de internacionalização em 1992 e já se prepara para uma nova rodada de expansão. A companhia estuda a entrada nos mercados peruano e boliviano, onde manteve atuação no passado. A Localiza é a franquia mais internacionalizada do país, conforme ranking da Fundação Dom Cabral (FDC).
“Por meio da internacionalização, reforçamos a presença da Localiza no mercado internacional, ampliamos a capilaridade da nossa rede de agências agregando valor à marca e posicionando a Localiza como o maior player da América do Sul. A internacionalização nos proporciona, ainda, uma rica troca de experiências ao conhecermos novos mercados”, afirma a diretora de franchising da marca, Gina Rafael.
Segundo o coordenador do curso de Economia do Ibmec, Márcio Salvato, ao se internacionalizar, a empresa acelera os processos de qualidade do produto ou serviço oferecido por ela. O motivo é simples: ao servir novos clientes, com culturas diferentes, é necessário atender a exigências mais altas e criar soluções inovadoras e perspicazes para diferentes mercados, tornando-se mais flexível.
“Imagine uma rede de fast food internacional que chega ao Brasil. Com o tempo, eles descobrem que o brasileiro não gosta de picles, por exemplo, e acabam trocando aquele item do sanduíche. Diferenciações específicas são criadas de acordo com o demandante. Isso leva a empresa a se preocupa mais com a qualidade. Ela é chamada a se preocupar com itens importantes, que talvez não fossem tão evidentes antes. Às vezes, é o sabor, o cheiro ou o tamanho do produto”, explica Salvato.
Realmente, há um intercâmbio de práticas inovadoras quando a empresa atua no mercado externo, conforme apontam os números da pesquisa realizada pela FDC. Entre as franquias, por exemplo, 41,7% das inovações propostas pelas unidades internacionais são parcialmente aplicáveis na estrutura do negócio e 25% são altamente aplicáveis.
A diretora da Localiza exemplifica. “Estamos sempre abertos a ouvir as sugestões e pontos de melhoria do exterior e do Brasil. As sugestões de aprimoramento são, em sua maioria, relacionadas a melhorias nas rotinas operacionais, de processos e sistemas, por exemplo”, diz Gina.