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Made in Brazil: empresas brasileiras investem em internacionalização

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A pandemia impôs muitos desafios na operação e logística das organizações, mas também revelou de forma mais explícita a importância de alguns nichos de negócio, como a transformação digital. Isso fez com que empresas que atuam com tecnologia, apesar do contexto adverso, crescessem de forma expressiva nesse período, a ponto de expandirem sua atuação em plena pandemia, incluindo processos de internacionalização. De acordo com o estudo Trajetórias de Internacionalização das Empresas Brasileiras 2021, realizado pela Fundação Dom Cabral (FDC), 78% das empresas planejam expansão ou grande expansão nos países onde já atuam e 71% planejam entrar em novos mercados nos próximos anos.

Para ilustrar esse cenário de crescimento, confira três empresas brasileiras que utilizam a tecnologia como base de seus negócios e que adentraram em novos mercados na América Latina, Estados Unidos e Europa. São cases de sucesso em um país cujas empresas avançam de forma lenta na internacionalização – em 2019, apenas 0,01% delas possuíam subsidiárias ou franquias no exterior e somente 0,5% exportavam produtos para outros países.

Cases de internacionalização

Glic

A Glic é uma healthtech responsável pelo desenvolvimento do primeiro aplicativo para diabetes e acompanhamento de glicemia do Brasil, que soma mais de 145 mil usuários no país. O app, além de oferecer ferramentas para o acompanhamento da glicemia e do tratamento, permite o compartilhamento de dados do usuário com médicos e nutricionistas que fazem seu atendimento.

Em 2020, a Glic fez uma parceria com a farmacêutica Sanofi Brasil, em que dividiu sua expertise e tecnologia para a criação do aplicativo Dits – também com esse propósito do acompanhamento da diabetes, mas de forma integrada com os medicamentos e a base de médicos da Sanofi, ou seja, uma solução customizada para que a farmacêutica pudesse melhorar seus serviços.

A parceria obteve tanto êxito que despertou o interesse de outras unidades farmacêuticas e, em pouco mais de um ano, o aplicativo estará disponível para pacientes da Colômbia, Peru, Panamá e Caribe. A intenção é iniciar nestes países para, em breve, chegar ao Uruguai, Chile e Argentina.

“Em 2020 lançamos esse projeto muito corajoso em parceria com a Sanofi Brasil, para aprimorar cada vez mais a adesão ao tratamento e o fornecimento de serviços aos pacientes de diabetes. Poder levar isso para outros países é um grande passo que nos mantém em nosso propósito de colocar cada vez mais o paciente como protagonista do seu tratamento”, explica Claudia Labate, CEO da Glic.

JobConvo

A JobConvo, startup de recrutamento profissional, seleção e admissão digital, a cada dia avança mais nos seus planos de expansão para novos mercados. A RH Tech, que já opera na Argentina, Chile, Uruguai, Peru, Equador, Colômbia, Panamá e México, além dos EUA e Europa (recém iniciou operações em Portugal), acaba de anunciar sua chegada a outros três países no continente: Costa Rica, Bolívia e Paraguai. No ano passado, tinha seis clientes fora do país. Esse número mais que dobrou e hoje são 15. A expectativa é de um crescimento de 120% na região, com investimentos que devem superar meio milhão de reais até o fim deste ano.

“Com a rápida transformação digital impulsionada pela pandemia, nosso plano de internacionalização acelerou. E a JobConvo tem a América Latina no seu DNA, pois nossa empresa foi incubada no Chile. Faz todo sentido termos presença e expansão no continente. Temos 67 clientes ativos em vários países e quase 20% de nossa carteira de clientes está no exterior, principalmente na América Latina. A região representa cerca de 11% do nosso faturamento e a meta é que ela chegue nos 27% no próximo ano”, comenta Ronaldo Bahia, CEO da JobConvo.

Em 2020, a startup obteve crescimento de 13,3% em relação a 2019 e para 2021 a meta é crescer 70,5% sobre 2020, considerando a expansão dos negócios no Brasil e no exterior. Atualmente, cerca de 22% do faturamento da JobConvo vem de outros países. Com o avanço da internacionalização da empresa, estima-se que essa participação fique entre 30% e 35% até o final de 2021.

Rupee

O Rupee – plataforma de tecnologia Kanban e inteligência artificial aplicada à contabilidade, gestão tributária e folha de pagamento – está apenas em seu quarto ano de operação e já teve um crescimento de mais de 335%. Em 2020, fez a aquisição da empresa de software Wise It BPM e em 2021 iniciou um plano de expansão global, começando novas operações em Nassau, nas Bahamas.

Com retorno positivo da primeira filial estrangeira em Nassau, o Rupee realizou estudos de mercado para definir os próximos passos da expansão e encontrou no mercado britânico apoio maior para empreender e desenvolver a empresa globalmente – o governo local oferece programas de fomento ao empreendedorismo. “Olhamos para Portugal e Israel como potenciais regiões para expansão do Rupee, porém tivemos mais apoio em empreender na Inglaterra e chances maiores de ganhos, devido à variação cambial”, comenta Guilherme Baumworcel, CEO e fundador da fintech.

Além de Manchester, fazem parte da rota de expansão global da empresa: Argentina, Estados Unidos, México, Canadá e Noruega. “Apesar da crise econômica global que estamos vivendo com o advento da pandemia, existem diversas estratégias que podem ser adotadas para desenvolver um negócio. Uma delas, talvez a menos esperada, é investir para crescer no exterior. Estamos crescendo e ainda mostrando ao mundo que a contabilidade só tem a evoluir com tecnologia e inovação”, finaliza o CEO.

Fonte: https://www.direitoenegocios.com/made-in-brazil-empresas-brasileiras-investem-em-internacionalizacao/